Há um tempo eu liderei uma equipe no DETRAN/AL e precisava atingir dois objetivos principais: transmitir uma mensagem clara e ouvir ativamente a equipe.

Era preciso transformar dores e desejos em projetos que ajudassem a solucionar seus problemas e necessidades.

Foi então que lembrei de quando trabalhei elaborando planos diretores para alguns municípios alagoanos.

Como arquiteta e urbanista, minha função na equipe que elaborava o plano diretor consistia em ouvir as demandas da população por meio de audiências públicas, fazer levantamento de campo e transformar toda essa informação em mapas temáticos.

Resumindo, alguém da equipe era responsável por redigir todo o plano e eu era responsável em transformar isso em algo visual no formato de mapas.

E os mapas eram de fato uma parte encantadora do trabalho, pois rapidamente as pessoas se conectavam a situação atual e as propostas ali visualmente materializadas.

Esta é uma das competências do Arquiteto e Urbanista, saber ouvir os desejos de seu cliente, interpretar e transformar isso em algo visual para que ele compreenda, geralmente por meio de perceptivas e maquetes. E, só depois, executar o projeto.

Eu funciono assim. E você?

Essa é a minha forma de funcionar: eu sou extremamente visual. Saiba que você pode aprender e se comunicar basicamente de três formas diferentes:

  • Visual: as pessoas com estilo visual têm maior facilidade para aprender lendo a informação em formato de textos ou imagens;
  • Auditivo: as pessoas com estilo auditivo são capazes de se lembrar do que ouvem e têm preferência por instruções orais, absorvidas com mais facilidade;
  • Cinestésico: as pessoas com estilo cinestésico aprendem tocando ou manipulando objetos.

Geralmente, as pessoas detêm uma forma mais acentuada do que a outra, mas também pode haver a combinação de duas ou três formas.

PreferênciaPistas de linguagemPista de linguagem corporal
VisualIsso se parece…
Eu posso ver…
Minha perspectiva é…
Forte postura ereta
Olhar para cima, para o céu ou para o teto
AuditivoIsso soa como…
Eu posso escutar…
Minha pergunta é…
A cabeça para um lado e uma mão no lado do rosto, como se estivesse escutando alguém ao telefone
Ouvindo principalmente com um ouvido quando alguém está falando
CinestésicoTenho a impressão de que…
Posso tocar isso…
Minha reação emocional é…
Postura mais arredondada e relaxada, com o foco de atenção ao redor do estômago
Muitas vezes gostam de segurar alguma coisa, como uma caneta, enquanto estão falando
Reconhecimento de preferências representacionais.
Fonte: Coaching com PNL para leigos, de Kate Burton
Fonte: www.wespark.io, por Giphy

Assim, percebi que por padrão as reuniões no DETRAN/AL eram orais. Logo, era um prato cheio para os auditivos e, talvez para os cinestésicos.

Aqui vale a máxima daquela pergunta: Entendeu, ou quer que eu desenhe?. E eu te respondo: “Desenhe”.

Em 2015, conheci um livro que me ajudou muito a sistematizar essa formar de comunicação visual. Foi aí que percebi o quanto as pessoas estavam sedentas por esse tipo de comunicação no DETRAN/AL.

O livro era Líderes visuais: novas ferramentas para visualizar e gerir mudanças organizacionais, de David Sibbet, publicado em 2014 pela editora Alta Books.

Se você está pensando “Eu não consigo desenhar. Não consigo usar essas ferramentas. Este livro é para facilitadores”, bem, este livro é direcionado exatamente para você. Líderes, mais do que nunca, precisam saber como usar ferramentas visuais, lidar com praticantes visuais e seus trabalhos, e entender como ajudar sua organização inteira a ser alfabetizada visualmente – principalmente se você não se considera visualmente habilidoso. (Trecho do livro)

Embora seja uma extensão direta dos livros Reuniões visuais e Equipes visuais, segundo o autor, este livro pode ser lido de forma independente.

O autor divide o livro em seis partes:

  1. A vantagem da liderança visual
  2. Analisando sua própria liderança
  3. Ferramentas poderosas para líderes visuais
  4. Administrando as novas mídias
  5. Liderando a mudança na organização
  6. Links, livros e outros recursos

O livro apresenta ferramentas poderosas para você aplicar em suas reuniões e liderança.

Para cada objetivo, há diferentes modelos gráficos para você transmitir melhor a sua ideia, ou para captar de forma efetiva as ideias da sua equipe, como, por exemplo, em um brainstorming.

Ao me referir a modelos gráficos, embora pareça que seja necessário ir a uma papelaria para adquirir notas adesivas e pilotos coloridos, o que realmente é uma opção, o livro também apresenta uma perspectiva sobre como engajar a equipe por meio de ferramentas virtuais, antes mesmo da pandemia chegar e tornar isso uma realidade.

Faça acontecer

Use ferramentas simples e apenas comece.

Você pode estar se revirando ao perceber que não tem muito jeito com desenho ou apresentações, mas lembre-se que em uma posição de liderança, você precisa comunicar uma mensagem clara.

Nem sempre o outro vai entender o “arrodeio” que você está dando ou a mensagem extremamente sucinta e cheia de lacunas.

Repito, comece pelo simples e com as ferramentas que você tem mais familiaridade.

Depois, é importante ter uma visão compartilhada da mensagem: seja em um quadro físico visível a toda a equipe, ou ainda uma ferramenta virtual tipo Trello, Notion ou Miro.

Fonte: producthunt.com, por Giphy

Comunique simples e depois garanta uma visão compartilhada.

Documente, apesar de tudo!

Estamos em um contexto da administração pública, então é importante registrar as reuniões em documentos formais que possam ser resgatados a qualquer tempo.

E por fim, quero compartilhar com você um artigo lá do blog Arte da conversa, que traz essa leveza na forma visual de se comunicar.

Aproveita a inspiração e utiliza um bloco de notas para conduzir a sua próxima reunião.

Te vejo no próximo post!


Imagem de capa: acervo pessoal da autora

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Ligia Teixeira

Lígia Teixeira é graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal de Alagoas (2004), pós-graduada em MBA em Trânsito: Mobilidade e Segurança, Analista Comportamental em Eneagrama e criadora do canal Bora Simplificar. Desde 2002 é assistente de trânsito no DETRAN/AL. Tem experiência nas áreas de Planejamento Estratégico, Regional e Urbano, com ênfase em Mobilidade Urbana, atuando principalmente nos seguintes temas: inovação, transformação digital, planejamento estratégico, gestão de projetos, processos e do conhecimento.